domingo, 31 de julho de 2011

Antes que partas - Before you leave


Como uma gota de chuva no deserto as minha
Súplicas se perdem em teu coração. 
Como um grito á porta de um ouvido mouco,
As minhas palavras chegam a ti sem ter acesso ao
Teu coração.
Triste observo à tua indiferença, uma indiferença
Criada por ti para me magoar, para entristecer 
Uma alegria que aguarda ansiosa pelo teu retorno
Aos meus braços.

Não te quero ver morrer! 
Recuso-me a aceitar que te perdi, que já fizestes a 
Tua escolha final.
Mora em mim uma tristeza para a qual não me
Preparei. 
Há um peso, um corte, há em meu coração uma 
Dor que pede para que esperares um pouco mais.
A intuição me diz que perceberás o teu equívoco 
Antes que a última porta se feche atrás de ti.

Como uma onda violenta no mar, grito para que
Me ouças, para que aceites as minhas palavras, e
Que voltes para mim. 
Como uma tempestade desabo sobre ti para que 
Percebas a minha presença e não partas para onde 
Nunca quis que partisses. 
Como uma mãe, te imploro para que não despreze 
O conforto do meu amor por ti.

                                                Lido da Silva, julho de 2011

                             *

Before you leave

As a raindrop in the desert my
Supplications get lost in your heart.
Like a scream at the door of a deaf ear,
My words reach you without having access to the
Your heart.
Sadly I observe your indifference, an indifference
Created by you to hurt me, to make me sad
A joy that awaits your return
To my arms.

I don't want to see you die!
I refuse to accept that I lost you, that you already made
Your final choice.
Lives in me a sadness for which I am not
Prepared.
There is a weight, a cut, there is in my heart a
Pain that asks you to wait a little longer.
Intuition tells me that you will realize your mistake
Before the last door closes behind you.

Like a violent wave in the sea, I cry out for you to
Hear me, for you to accept my words, and you
May come back to me.
Like a storm I break over you so that you may
Perceive my presence and do not go to where
I never wanted you to go.
Like a mother, I implore you not to despise
The comfort of my love for you.

                                  *


sábado, 23 de julho de 2011

O planeta - The planet


O planeta está chorando, reclamando
E nós nos recusando a ouvi-lo.
A terra pede a nossa atenção, 
Ela grita com um grito mudo,
É um soluço que cai sobre nós em forma de garoa ácida
Que quase sem se fazer notar,  
Nos molha, nos adoece.

O planeta, desesperado, reclama a nossa atenção. 
Ele quer que vejamos a sua aflição,
A sua corrida para o fim. 
A terra reclama e nós  nos recusamos a ouvir o seu 
Choro silêncio. 
O tempo, amedrontado, já não para mais aqui,
Ele passa tão rápido por nós, que parece não querer nos
Dar tempo de percebermos que estamos nos destruindo.

A cada lamento da terra morre uma  flor e outras 
Tantas deixam de nascer.
Somos nós enterrando o planeta e o planeta revoltado 
Nos enterrando. 
Ouçamos o grito silencioso do nosso planeta 
Enquanto ele pacientemente reclama a nossa atenção. 
Depois que o planeta nos esquecer não haverá mais 
Nada a fazer para revertermos a situação.

                                           Lido da Silva, julho de 2011

                                           *


The planet


The planet is crying, it is complaining against us and we
Refuse to hear it. The earth is asking for our attention, it
Is yelling a silent scream, a sob falls over us as acid mist
That we almost do not notice it, it waters us, it makes us 

Desperate, the planet asks for our attention. The earth
Wants us to notice his distress, his race to the end.
The planet complain against us and we refuse to hear his
Loud silence. The time, frightened by the destruction of
The earth, no longer stops here, it passes by us so fast
That it seems unwilling to give us time to realize that we
Are destroying ourselves by destroying the planet.

In every single earth’s cry a flower dies and another one
are stopped to born. Ours action are burying the planet
And the planet, revolted, is burying us. Let us hear the
Silent scream of the earth, as the earth patiently is
Asking our attention. After the planet has forgot us, there
Will be nothing to be done to reverse the situation.

                             *

Confissão de fé - Confession of faith



Deus! 
O céu e a paz que nele reside,
O ar, o vento e a brisa,
A chuva e o perfume exalado pela terra molhada por esta.
O sol,
A lua e todo o seu mistério,
A madrugada e sua cumplicidade.
As estrelas e o brilho nos olhos que as admiram.
As flores e todos os seus encantos.
As cores, as nossas cores.
Os animais,
O mar e sua eterna viagem.
A terra e todo o seu encanto.
A imensidão do universo e toda sua inteligência.
O silêncio profundo,
Os pensamentos sadios, 
A imensidão do amor, o amor a vida.
A intensidade luz  e seu aconchego,
A bondade, a doçura da bondade.
O sorriso,
As lágrimas das emoções.
O amor, o amor, o amor,
O perdão sincero,
A vida, sim! A vida,
Tu, eu, ele, nós, vós, eles,
A fé, o acreditar.
E tudo que representa o amor e que vence o mal.

                                             Lido da Silva, julho de 2011

                 
                                        *

Confession of faith

God!
The heaven and the peace that resides therein,
The air, the wind and the breeze,
The rain and the perfume exhaled by the earth wetted by it.
The sun,
The moon and all its mystery,
The dawn and its complicity.
The stars and the twinkle in the eyes that admire them.
The flowers and all their charms.
The colors, our colors.
The animals,
The sea and its eternal journey.
The land and all its charm.
The immensity of the universe and all its intelligence.
The deep silence,
The healthy thoughts,
The immensity of love, the love of life.
The intensity of light and its warmth,
Kindness, the sweetness of kindness.
The smile,
The tears of emotions.
The love, the love, the love,
The sincere forgiveness,
Life, yes! Life,
You, me, he, we, you, them,
Faith, believing.
And everything that represents love and that overcomes evil.

                                            *

Crianças de rua - Street children


Ouçamos o grito calado estampado nos olhos daquelas crianças ali,
Naquele Cruzamento.
Ouçamos os seus gritos, estendamos nossas mãos e socorramo-nas
Para que amanhã essas crianças não estejam nas mãos do tráfico.
Atentamos aos seus olhos inocentes suplicando por nossa
Misericórdia.
Hoje essas crianças imploram para que salvemos suas vidas e, se 
Não ouvirmos suas súplicas agora, amanhã ela virão buscar nossas 
Vidas.
Não finjamos de surdo, não nos recusemos a ver o desespero
Estampado naqueles rostos inocentes que se deixados a mercê de sua
Própria sorte serão abandonados pelo bem e lapidados pelo mal.
Ouçamos o grito calado estampado nos rostos daquelas crianças
Que mendigam ali naquele sinal de trânsito!
É um grito que pede: – Me ajudem hoje para que eu não precise te
Fazer mal amanhã. 

Olhem nos olhos daquelas crianças e vejam, percebam que elas 
Pedem a nossa atenção. 
Aquelas crianças, entregues às ruas, estão sendo violentadas, 
Estupradas por nossa indiferença e, ainda tão pequenas, já tiveram 
Roubada suas infância, suas inocência e vagam perdidas sem rumo, 
Restando-lhes somente o ato desesperado de pedir, de mendigar suas
Sobrevivência.
Olhemos aquelas crianças mendigando naquele sinal de trânsito,
Se não as ajudarmos agora, vítimas do tráfico, certamente elas irão
Bater à nossa porta para cobrar de nós a sua civilidade que hoje
Assistimos indiferentes, lhes sendo roubada.
Ouçamos o grito desesperado daquelas crianças que dormem nas ruas,
Nas calçadas debaixo de chuvas e no frio.


Ouçamos, atendamos, socorramos essas pobres crianças abandonadas
Nas ruas das nossas cidades.
Ouçam-nas, elas não querem a sua casa, o seu dinheiro, a sua vida.
Essas crianças precisam somente do nosso amor, do nosso afeto, d
Nossa generosidade.
Se cada rico do nosso país contribuísse com 0,2% de seus vencimentos
Para acolher os meninos de rua, não teríamos meninos nas ruas,
Não haveriam crianças nos sinais de trânsito e nem crianças recrutadas
Pelo tráfico para o tráfico.
Com um pouco de generosidade as FEBEMs não estariam lotadas e as 
Nossas famílias não viveriam com medo dentro e fora de casa, nem 
Choraríamos a morte de nossos filhos atropelados pelo tráfico, quando
Sob o efeito das drogas, ou por causa dos efeitos destas.
Ouça! Ouçamos os gritos silenciosos estampados nos rostos daquelas
Crianças que mendigam ali, naquele sinal de tráfego.

                                                              Lido da Silva, julho de 2011


                                             *

Street children


Let us hear the silent cry stamped in the eyes of those children there,
At that intersection.
Let us hear their cries, reach out our hands and help them
So that tomorrow these children do not fall in the hands of drug 
Trafficking.
We must pay attention on their innocent eyes pleading for our
Compassion.
Today these children are begging us to save their lives and, if
If we don't listen to their pleas now, tomorrow they will come for 
Our lives.
Let's not turn a deaf ear, let's not refuse to see the despair
Stamped on those innocent faces that if left to their
Luck itself they will be abandoned by the good and stoned by the 
Evil.
Let us hear the silent scream stamped on the faces of those 
Children that beggar there at that traffic light!
It's a cry that asks: - Help me today so that I don't need you.
Do bad to you tomorrow.

Look into those children's eyes and see, realize that they 
Demand our attention.
Those children, delivered to the streets, are being raped,
Raped by our indifference and, still so small, they already had
Stolen their childhood, their innocence and wander aimlessly 
Lost,
Leaving to them only the desperate act of asking, of begging 
For their survival.
Look at those children begging at that traffic light, if we don't
Hhelp them now, victims of trafficking, surely they will 
Knocking on our door to demand from us the civility that 
Today we watched indifferently, being stolen from them. 
Let us hear the desperate cry of those children who sleep in 
The streets, on the sidewalks in the rain and in the cold.

Let us listen, let us help, let us help these poor abandoned 
Children on the streets of our cities.
Listen to them, they don't want your house, your money, 
Your life.
These children only need our love, our affection, our 
Generosity.
If every rich person in our country contributed 0.2% of their
Salaries to welcome street children, we would not have 
Children on the streets, there would be no children at traffic
Lights and no children recruited by traffic for traffic.
With a little generosity the FEBEMs would not be crowded 
And the our families would not live in fear indoors and 
Outdoors, nor we would mourn the death of our children 
Run over by traffic, when under the influence of drugs, 
Or because of their effects.
Listen! Let us hear the silent screams stamped on the faces 
Of those children begging over there, at that traffic light.

                                    *

O racismo brasileiro - Brazilian racism


Não me diga que o racismo não existe pois o encontro em todos os 
Lugares onde vou, de norte a sul do Brasil.
Não me diga que o racismo não existe pois o vejo, o sinto me
Censurando, o sinto me seguindo, me vigiando em cada shopping
Center, em cada loja, em cada restaurantes classe "A" que entro.
Não me diga que o racismo não existe pois o sinto me perseguindo,
Me constrangendo e me batendo quando, sem motivo, sou parado
Na rua pelas autoridades policiais.  
Não me diga que o racismo não existe pois ele me barra nas 
Escolas públicas dos bairros nobres, e nas universidade federais.
Não me diga que o racismo não existe, porque sem cotas, ele não
Permite eu me educar.

Não me diga que o racismo não existe pois, por cause dele, sou
Exceção nos Institutos e nas Academias do Brasil. 
Não me diga que o racismo não existe pois, 
Por causa dele, os meus irmãos pequeninos vagam abandonados 
Nas ruas das cidades brasileiras, para onde o sistema os 
Escorraça, transformando-os em delinquentes.
Não me diga que o racismo não existe pois, por causa dele os
Presídios brasileiro estão abarrotados de pessoas de cor, como se
Só os negros cometessem crimes.
Não me diga que  o racismo não existe, pelo simples fato de você
Não me espancar quando cruzo contigo nas ruas.
Não me digas que o racismo não existe só porque você permite
Que eu more onde eu queira morar, desde que, claro, eu não seja
Seu vizinho.

O racismo existe no Brasil e existe na pior forma em que o 
Racismo pode existir.
O racismo brasileiro é como o câncer, as pessoas não o vê, mas 
Ele está ali, maltratando, apontando, acusando, fazendo sofrer, 
Matando.
Se o racismo brasileiro fosse como é em outros países, onde ele é 
Declarado, discutido e debatido, seria mais fácil ser vencido.  
No Brasil o racismo é cínico, é perverso, é demagogo, negado e  
Escondido.
O racismo brasileiro é camuflado, tão camuflado que a maioria
Dos negros brasileiros não sabem que são discriminados. 
Não diga mais que não existe racismo no Brasil porque é mentira.
Existe SIM racismo no Brasil. Existe e ele é perverso, o racismo
Brasileiro persegue,  prende inocentes e mata, além de ser a 
Forma mais cruel de racismo.

                                          Lido da Silva, julho de 2011


                               * 


Brazilian racism


Do not tell me it does not exist because I see it everywhere in
I go from north to south of Brazil. Do not tell me it does not
Exist because I see it, feel it censuring me, following me,
Watching me in every shopping mall, shops and restaurant
Where I go. Do not tell me it does not exist, because I feel it
Chasing me, embarrassing me, hitting me when a police stop
Me on the street for no reason. Do not tell me the racism is
Not there, because it stop me in the public schools of the
Suburbs and in the federal universities. Do not tell me it does
Not exist, because without quotas it does not allow me to
Educate myself.

Do not tell me it does not exist because of it, I am an exception
At the Institutes and Academies of Brazil. Do not tell me it
Does not exist, because of racism my little brothers roam,
Abandoned on the streets of Brazilian cities, where the system
Abuse them, turning them into criminals. Do not tell me that
There are no racism in Brazil because, because of it the
Brazilians prisons are full of black people, as if only black
People steal, commit crimes. Don’t say racism is not there just
Because you do not beat me when I pass by you on the streets.
Do not tell me racism does not exist in Brazil only because
You allow me to live where I want to live as long as I don’t
become your neighbor, of course!

Racism exists in Brazil, and its there in the worst way that a
Racism can exist. Brazilian racism is like cancer, nobody sees
It but it is there killing, excluding, segregating and mistreating
in the worst way it can abuse a human being. If the Brazilian
Racism was like the other countries racism where it is a
Declared racism, it would be easy to fight against it, but in
Brazil racism is cynical, perverse, demagogue, hiding, is
Camouflaged, so Camouflaged that most of Brazilians black
People do not perceive it, and the lack of culture, education
don’t allow them to see that they are discriminated against.
Please don’t say that there is racism in Brazil because it is a lie,
YES there is racism in Brazil and it is very evil, it hunts, it traps
And kills; besides be the cruelest form of racism.


                                      *

Nada mudou! - Nothing has changed!



Meu Deus!
Passado mais de um século da tão propalada abolição sos escravos
e, aqui no Brasil, nada mudou.
Vitimas do maior genocídio da historia da humanidade nós,  os 
negros brasileiros, continuamos sendo rejeitados, sendo jogados
nas sarjetas, e lotando os presídios.
Meu Deus!
Depois de termos irrigado às terras deste imenso país com o 
nosso sangue, de termos nossos corpos atirados às suas valas 
como indigentes para que os brancos vivessem em conforto nos é 
negado escolas decentes e nos é vedado o acesso ao mínimo 
necessário ao nosso dia a dia.

Meu Deus!
Quanto de nós, gente de pele escura, ainda teremos que morrer 
para conquistarmos o que nos é negado por esta sociedade racista
que controla o nosso Brasil?
Será que nunca deixaremos de ser escravos?
Que liberdade é esta que nos nega o direito de participar da vida do 
nosso país?
Olho à minha volta e me revolto ao ver os meus irmão pequeninos
jogados nas ruas sem nenhuma perspectiva de dias melhores, sem
a perspectiva de um futuro menos sofrido em seus horizonte.
Amado Deus! 
Tenha misericórdia do nosso povo e aponte dentre de nós um líder,
Um pensador, que guiado pelo Senhor, seja capaz de fazer a nossa
Gente acordar e lutar pelo o que nos pertence mas nos é negado.

Meu Deus!
O nosso povo saiu da senzala mas não despertou, não acordou para
O mundo fantástico que é nosso. 
A nossa gente ainda não se libertou das correntes que a prendia e 
consequentemente continua acorrentada ao seu passado que 
entendia ser normal morar em favelas e ser um eterno escravo.
Misericordioso Deus!
Assim como guiaste o povo de Israel através do deserto até a terra
Prometida, suplico para que sejas o líder do Seu povo, o nosso 
povo e nos guie ao paraíso, e uma vez lá, nos liberte.
Liberte o nosso grito de liberdade que acreditamos ter ouvido no 
passado mas que na realidade nunca aconteceu.
Senhor!
Acorde o vosso povo, mostre-lhe o mundo que o Senhor reservou
Para nós.
As vezes penso que os meus irmãos não o perceberam ainda que 
podem ser livres, que podem sonhar. .
Meu Deus!
Quantos de nós, os seus escolhidos, ainda teremos que morrer para
fazermos valer os nossos direitos?

                                                                      Lido da Silva, julho de 2011


                                                *

Nothing has changed!


My God!
After more than a century of the much publicized abolition of 
slaves and, here in Brazil, nothing has changed.
Victims of the greatest genocide in human history, we, the
black Brazilians, continue to be rejected, being thrown
in the gutters, and filling the prisons.
My God!
After having irrigated the lands of this immense country with
our blood, having our bodies thrown into their ditches
as indigent so that whites could live in comfort it is
denied to us a decent schools and we are denied access to the 
minimum necessary for our daily lives.

My God!
How many of us dark-skinned people still have to die
to conquer what is denied to us by this racist society
who controls our Brazil?
Will we ever stop being slaves?
What is this freedom that denies us the right to participate in 
the life of the our country?
I look around me and I'm revolted to see my little brothers
thrown into the streets with no perspective of better days,
the prospect of a less suffering future on their horizon.
Beloved God!
Have mercy on our people and appoint a leader from among
us,
A thinker, who guided by the you, be capable of making our
People wake up and fight for what belongs to us but is denied 
to us.

My God!
Our people left the slave quarters but did not wake up, did not 
wake up to the fantastic world that is ours.
Our people have not yet freed themselves from the chains that 
bound them and consequently remains chained to its past that
they understood that it is normal to live in favelas and to be an 
eternal slave.
Merciful God!
Just as you led the people of Israel through the desert to the
Promised land, I beseech You to be the leader of Your people, 
ours people and guide us to the paradise, and once there, set us
free.
The unleash freedom cry that we believe we heard in the
past but which in reality never happened.
Sir!
Wake up your people, show them the world that you Lord has 
reserved for us.
Sometimes I think my brothers didn't realize it yet
That they are free, that they can dream. .
My God!
How many of us, Your chosen ones, still have to die to enforce 
our rights?

                                        *


Chora meu planeta - Cry my planet



Chora meu planeta!
Chora a chuva ácida que te obrigamos beber!
Derrama sobre a terra o veneno que atiramos ao ar, chora!
Chora céu!
Chora, faça rolar para os rios e lagoas as fumaças que te
Forçamos a fumar.
Chora planeta!
Bafore sobre nós os poluentes que despejamos, que 
Espalhamos sob o teu corpo tentando escondê-los, chore.
Chora!
Chora a tua angústia de não ter um jeito de não nos 
Matar como estamos te matando, chora!
Chora a tristeza de não percebermos o mal que te 
Causamos.

Chora!
 Chora meu planeta!
Chora a tristeza de já não poder mostrar o teu lindo céu 
Azul, chora!
Chora o desespero, a tristeza de sentir a tua brisa, já no
Amanhecer, cheirando a óleo, chora!
Chora porque não há outra forma pacífica de demonstrar
A tua insatisfação com o desrespeito que sofres.
Chora meu planeta!
Chora as tuas matas desmatadas, queimadas, chora os teus
Rios assoreados, os teus peixes envenenados, mortos, e os
Teus animais fugindo para lugar nenhum.
Chora! Chora porque há muito os pássaros se calaram em 
Teu seio e o uirapuru já não encontra mais o topo daquela 
Velha árvore onde ele gostava de pousar para que toda a 
Floreste pudesse ouvir o seu lindo cantar.

Chora meu planeta!
Chora porque a tua chuva que antes trazia vida agora mata
Os peixes e adoece as outras criaturas que teimam em 
Resistir a violência dos homens.
Chora!
Chora porque os teus rios assoreados já não comportam, 
Não guiam as águas das chuvas que impedidas de 
Fluirem  livremente se revoltam e destroem tudo que 
Encontram em seu caminho.
Chora! Chora meu planeta!
Chora porque o teu fim não tarda.
Chora!
Chora porque os homens, em suas necessidades 
Desnecessárias, não se importam com o teu sofrimento, com
O teu infortúnio, então chora.
Chora meu planeta!
Chore alto porque quem sabe Deus ao ouvir os teus prantos
Se apiede de ti e vem te socorrer.

                                                                                                     Lido da Silva

                                    *

Cry my planet


Cry my planet! Cry the acid rain that we force you to drink!
Pour over the land the poison that we throw in the air, cry!
Cry heaven! Pour out your tear and make it to roll into the
Rivers and lakes the smoke that we oblige to smoke.
Cry my planet! Blow over us the pollutants which we throw,
Which we spread under your body trying to hide them.
Cry! Cry my planet your anguish for do not able to avoid
To kill us, as we are killing you. Cry! Cry the sadness of we
Do not realize the harm that we cause you.

II

Cry! Cry my planet! Cries the sadness of no longer be able to
Show your beautiful blue sky, cry! Cry the anguish, the
Sadness of to feel your breeze, in early morning, already
Smelling oil, cry! Cry because there is no other peaceful way
To demonstrate your dissatisfaction with the disrespect that
You suffer. Cry my planet!
Cry your bushes cleared, burned, cry thy silted rivers, your
Fishes killed by poison, dead, and all your animals trying to
Escape to nowhere. Cry! Cry because it is a long time since
The birds became silent in thy bosom, cry because the
Uirapuru no long find the treetop where he enjoyed to land
To sing his beautiful song.

III

Cry my planet! Cry because your rain, that uses to bring life in
The past now kills fish and cause sickness to other creatures
Which stubbornly resist men´s violence. Cry! Cry because
Your silted rivers no longer hold, no longer guide the rain´s
Waters which have nowhere to flow and then get mad and
Destroy everything in its path, on its way. Cry, cry my planet!
Cries because your end is near. Cries! Cries because men, in his
Unnecessary needs, do not care about your suffering, about
Your misfortune, then cry. Cry my planet! Cry high because,
Suddenly, God hears your cry and comes to rescue you.



                                         *



Saudade de (Beijing) Pequim


Aqui na distância, distante dos parques floridos e da brisa que perfuma
As manhãs de primavera da cidade de Beijing, tudo em mim é saudades.
Aqui onde não ouço o cantar dos pássaros que, com seus cantares,
Enchiam de beleza o Parque Ritan o meu peito chora de saudades.
Saudades das manhãs coloridas, perfumadas e cheias de poesias, 
Poesias que davam repouso a minha alma. 
Ah saudade que me maltrata, que me machuca e faz rolar dos meus 
Olhos lágrimas que se perdem aqui, onde me encontro!
Lugar onde os meus olhos não podem ver a beleza do Parque Ritan que
Tanto aprendi a amar, e que se tornou parte do meu espírito, parte da
Minha vida.

Que saudade que sinto do meu caminhar nas trilhas do Chaoyang
Parque no entardecer de domingo! 
Agora tudo está tão distante que não passa de uma miragem, um 
Sonho, um delírio, desejo quase impossível. 
Os meus olhos buscam, os meus pensamentos se aguçam e através 
Destes viajo, vou abraçar a minha amada que ficou em Beijing. 
Quero oferta-la com as flores mais lindas que encontrar no mercado
Das flores (Laitai flower market). 
Em meus devaneios sinto o meu corpo abraçado, envolto no 
Perfume exalado pelas flores que ornamentam o Beihai Parque e 
Então ouço o cantar do vento que ecoa nas copas das árvores que 
Bailam apaixonadamente. 

Sonho com o dia em que caminharei novamente nas lindas calçadas
Da avenida Jianguomenwai, com o meu caminhar displicente,
Despreocupado, admirando a beleza da gente de Beijing. 
Preciso, quero viver os mistério existente no olhar das mulheres
Chinesas.
Ah Saudade que não me abandona! 
Me toma em teus braços e me leve de volta para tudo que deixei na 
China. 
Aqui na distância choro, escondido, no meio da noite esta saudade
Que não me abandona, que não me permite esquecer o lindo e alegre
Sorriso da minha amada Miao Miao. 
Quero, preciso voltar a Beijing, tenho que reencontrar tudo que amo
E que, com muita tristeza no coração, lá deixei.

                                                                                                                            Lido da Silva

                                               *

O racismo no Brasil - Racism in Brazil


O racismo brasileiro é o que existe de mais odioso, sórdido,
Covarde e perverso. 
O racismo brasileiro é um câncer incrustado na alma da nossa
Sociedade, já é parte do seu corpo e impossível de ser extirpado.
O racismo brasileiro se apresenta de todas as formas, só não se
Apresenta na forma de racismo. 
O racismo brasileiro mata suas vítimas sem mostrar sua cara,
Ele mata sem se deixar perceber, mata de todas as forma,
Só não mata na forma de racismo.
O racismo brasileiro quando sob a luz, sob o risco de ser 
Identificado ele desacredita os seus denunciantes utilizando os
Argumentos mas diversos já conhecidos e sabidos por todos.

Nós, os negros brasileiros, somos como pássaro que nasce e
Cresce em gaiolas, nos contentamos com uma liberdade que 
Não nos permitem usa-la. 
A elite dominante, no final da escravidão, destinou a nós os 
Negros as favelas e nos prometeram que se ali
Permanecêssemos não seriamos importunados, não seriamos
Espancados e até poderíamos trabalhar em suas cozinhas, lavar
Os seus banheiros e pajear suas crianças. Amedrontados ali
Ficamos e permanecemos até os dias de hoje. 
Os anos se passaram e, desconhecendo a verdadeira liberdade, 
Ainda hoje vivemos o mesmo medo que atormentavam os nossos
Antepassados, consequentemente nunca reivindicamos a nossa 
Cidadania e permanecemos satisfeitos e infelizes nas mesmas 
Favelas onde os nossos avós nasceram, cresceram e morreram.


O racismo brasileiro é o que ha de mais perverso no mundo.
Ele é um tipo de câncer que come a alma, destrói a capacidade de
Percepção e a noção do que somos. 
Nos chamando de pardos, mulatos, mestiços e tratando de forma
Diferenciada cada um deste grupo, o racismo brasileiro dividiu, 
E continua dividindo os negros para melhor os dominar, para se 
Perpetuar. 
Já em minha infância eu dizia que: "Haveria de chagar o dia em que
Nós, os negros brasileiros haveríamos de invejaríamos a sorte dos
Nossos tão sofridos irmãos sul africanos", este dia chegou, virou 
Passado e aqui na Pátria Amada, nada mudou.
Nós, os negros brasileiros, continuaremos morando nas favelas e
Limpando a cozinha dos brancos até que despertemos e unidos,
Mulatos e pardos, lutemos pela nossa liberdade. 

Despertemos irmãos!
Acordemos, desçamos os morros, abandonemos as favelas e lutemos
Pelo que queremos ser.  Sejamos Governadores, Senadores, 
Deputados e Prefeitos, temos direitos que ninguém nos concederá a
Menos que lutemos, que reivindiquemos o nosso espaço. 
Vamos!
Invadamos as escolas e estudemos, não aceitemos ser pardos e
Mulatos,  sejamos negros e como negros lutemos juntos, criemos 
Uma sociedade onde sejamos respeitados e só desta forma não
Seremos açoitados por abandonarmos as favelas onde os brancos
Enterraram nossos antepassados. 
Irmãos, só quando reconquistarmos o orgulho que a escravidão nos 
Roubou alcançaremos a verdadeira liberdade. 
É preciso que tenhamos a consciência de que enquanto acharmos que
Ser pardos e/ou mulatos é melhor que ser negros continuaremos
Escravos.

                                                                                                               Lido da Silva

                            *


  
Racism in Brazil


Brazilian racism is what exist the most hateful, nasty,
Coward and perverse. It is a cancer embedded in the soul
Of our society, it is already part of your body, which can
Not be extirpated. Brazilian racism comes in all forms,
Except in the form of racism. The Brazilian racism kills
Its victims without showing its face, without to be
Perceived, it kills in all the way, not only  in the form
Of  racism. Brazilian racism when in the light, under the
Risk of being identified it discredits their whistleblowers
Using the familiar arguments known by all.

We, black Brazilians, are like bird that is born and grows
In cages. We won a freedom that we were never allowed
To live. The ruling elite at the end of slavery, allocated
The blacks in the slums and promised us that if we
Remained there would not be harassed, we would not be
Beaten up and we could work in their kitchens, wash their
Bathrooms and care for their children. Frightened, there
We were and remain to this day. Years has passed, and
Unknowing true freedom, we still live the fear that
Plagued our ancestors, therefore never claim our
Citizenship, we remain satisfied and unhappy in the same
Slums where our grandparents were born, grew and died.

The Brazilian racism is what is most evil in the world, it
Is a cancer that eats the soul, destroys the ability of
Perception and the notion of who we are. By calling us
Brown, mulattos, mestizos and treating each one of this
Groups differently the Brazilian racism divided and still
Divides, to better dominate, to perpetuate itself. Already
In my childhood I use to saying: - It would come the day
When we, the black Brazilians, will be envious of the fate
Of our fellow South Africans, this day has arrived and
Turned in the past and here in my beloved country,
Almost nothing has changed. We, black Brazilians ,
Continue living in the very same slums and cleaning the
White’s kitchen until we awaken and united, black and
Brown decides to fight for our rights.

Brothers wake up, wake up and lets go down the hills, lets
Abandoning the slums and fight for our freedom. We have
Rights that nobody will give us unless we fight, to reclaim
Our space. Come on! Let invade the school and study, lets
Not accept to be browns, blacks and mulattos and we, as
Black let us fight together, lets we create a society and
Only in this way we will not be beaten by abandoning the
Slums where whites people has buried our ancestors.
Brothers! Only when win back the pride that slavery has
Robbed us we will gain true freedom. We must have the
Aware that; - while we find that to be brown is better to be
Black slavery will continue.


                            *

Bebo - I drink



Bebo! 
Bebo para esquecer o gosto amargo do esquecimento.
Bebo! 
Bebo o esquecimento que colocas em minha boca.
Bebo!
Bebo o pensamento de quem pensa que vai me esquecer.
Bebo!
E bebo a tua frustrações ao perceber que em teu
Esquecimento ainda te lembras de mim.

II

Bebo!
Anoiteço embriagado e acordo bebendo.
Bebo!
Bebo durante a noite o esquecimento de quem
Gostarias de me esquecer.
Bebo e saio á rua junto com os primeiros raios do sol,
Para que vejam que bebi sem parar durante a noite.
Bebo e saio ás ruas para que vejam que bebi os
Esquecimentos que colocaste em meu copo.
Bebo!
Bebo e me embriago, embriago o meu coração com a
Dor que o desprezo oferece àqueles que são 
Esquecidos.

III

Bebo! 
Bebo não com a intenção de ser percebido por quem quer
Me esquecer.
Bebo!
Bebo somente para não desperdiçar, para não jogar
Fora o que me é oferecido.
Bebo!
Bebo as lágrimas de quem não sabe, de quem não consegue,
Conviver comigo.
Bebo às frustrações de quem não me aceita  vencedor.
Bebo a tristeza de quem gostaria de estar comigo mas não
Está.
Bebo o gosto amargo de não conseguir ser esquecido por
Quem gostaria de me esquecer.

                                               Lido da Silva, julho de 2011


                                                *

I drink


I drink!
I drink to forget the bitter taste of oblivion.
I drink!
I drink the oblivion that you put in my mouth.
I drink!
I drink the thought of those who think they will forget me.
I drink!
And I drink your frustrations when realizing that in your
Oblivion you still remember me.

II

I drink!
I go drunk at night and wake up drinking.
I drink!
At night I drink the forgetting of those who
Would like to forget me.
I drink and go out with the first rays of the sun,
So that everyone can see that I've been drinking all
Night long.
I drink and I go out to the streets so that you all can see
That I drank the forgetfulness that you put in my glass.
I drink!
I drink and get drunk, I make my heart drunk with
Pain that contempt offers to those who are
Forgotten.

III

I drink!
I drink not with the intention of being perceived by who want to
Forget me.
I drink!
I only drink for do not to waste, for do not to throw away
What is offered to me.
I drink!
I drink the tears of those who don't know, of those who can't, to
Share live with me.
I drink the frustrations of those who don't accept me as a winner.
I drink the sadness of those who would like to be with me but have
No chance of to be.
I drink the bitter taste of not being able to be forgotten by
Who would like to forget me.

                                             *

Menino de rua - Street child


Chamam-no bandido, mas nunca lhe perguntam sobre sua infância,
Sua necessidade, seus sonhos. 
Acusam-no, o discriminam, desprezam-no sem, contudo, 
Se preocuparem com o quanto estes tratamentos o fere, o  faz sofrer. 
É assim que tratamos os nossos meninos de rua, 
Meninos que deixamos crescerem nas ruas das nossas cidades 
Alimentando-os com desprezo que os fazemos comer, engolir seco.

Nossos meninos, meninos das nossas ruas! 
Não nos preocupamos com suas necessidades de afeto, não pensamos 
Na sede de amor de seus espíritos, só sabemos que são meninos de rua
E achamos normal que eles vivam nas ruas. 
Não nos preocupamos com a nossa participação nas causas que os 
Transformam no que chamamos "monstros“, criminosos, 
Mas os queremos condenados, presos, encarcerados. 
Pensamos que os prendendo estaríamos encontrando a solução para 
Um problema que, teimosamente, reclama em nossas portas.

Meninos de ruas! 
Nossos meninos, nossos problemas, produto do nosso descaso para 
Com o próximo. 
Nossos vizinhos, irmãos que não vivem próximo, sem no entanto, 
Estarem distantes. 
Meninos de rua, bandidos, nossos bandidos, criminosos criados por 
Nós. 
Meninos de rua, nossos meninos, nossos pesadelos do dia a dia, 
Inevitáveis quando deveriam nem existir. 
Meninos de rua, produto do desmando que assola a  nossa 
Sociedade que exige tanto do pouco que permitiria que cuidarmos 
Dos nossos meninos.

                                                                               Lido da Silva, julho de 2011

                                            * 

Street child

Call him criminal, but never nobody asked about his childhood,
His need, his dreams. Accuse him, discriminate him, despise him
Without, however, worry about how much these kind of
Treatments hurt him, how much this treatment makes him to
Suffer. This is how we treat our homeless kids, boys who we
Let them grow up in the streets of our cities feeding them with
Contempt which we make them to eat, swallow hard.

Our boys, our boys from ours streets! Kid which we don’t care
With their needs for affection, which we don’t think about
Thirst for love of their spirits, we just care that they are street
Children and we think it is normal they live on the streets.
We do not worry about our participation in cases that kids
Become what we call "monsters", criminals, but we want them
Convicted, arrested, imprisoned as by holding them in jail we
Would be finding a solution to a problem that stubbornly
Demands on our doors.

Children of the streets! Our boys, our problems, product of our
Contempt for others. Our neighbors, brothers who do not live
Next door without, however, are distant. Street children, bandit,
Our bandit, created by us. Street children, our boys, our
Everyday nightmares, inevitable when they could not exist if
The corruption that plagues our country does not steal so much
And allowed us to care best of our children.


                           *

O “daqui a pouco”.

Não sou tolo para acreditar no que o “daqui um pouco” está a me contar. A farsa disfarça e  esconde a verdade sobre a qual ela não quer fala...