quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os passantes



Os passantes andam, caminham o meu caminhar que é um
Caminhar sem destino. Uns vão, outros vem, caminham
Ininterruptamente sem ter onde chegar. Os passantes jogam,
Gritam, riem, brincam sem perceberem que enquanto brincam
Com a vida a vida brinca com eles. Em suas brincadeiras os
Passantes não percebem que a felicidade, já cansada de tudo,
Finge os permitir serem felizes.

Os passantes caminham, passam sem prestarem atenção em mim,
Sem me notarem, sem me falar, vão. Quando na manhã seguinte
Me encontram dizem ser um prazer conhecer-me, como se nunca
Tivessem me visto. Eles tem prazer conhecer-me mas me
Deixam no passado sem perceberem que poderiam me viver
Melhor no presente. O certo é que para eles já sou ontem.

Os passantes passam tão apressados que não percebem a minha
Mudança, mudei e eles não perceberam, não notaram a minha
Indiferença à indiferença com que me tratam. Os passantes não
Percebem que sua indiferença é a indiferença com que a vida os
Tratará num futuro não muito distante. O tempo está só esperando
Que a velhice os abrace, para vesti-los com a mesma indiferença
Com que  hoje os passantes tratam o tempo. Eu sou o tempo
Observando os passantes me desprezando. 

                                                                                              Mauro Lucio


                                   *

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