quinta-feira, 28 de junho de 2012

Contar-te-ei



No tempo, contar-te-ei o que a chuva me contou,
Entregar-te-ei o que o vento me entregou, e
Ensinar-te-ei o que o tempo me ensinou. 
Far-te-ei andar sob o escuro do eclipse, e
Ouvir-te-ei chorar os medos que o medo te faz 
Sentir. 
Ainda que me peças não enxugarei os teus prantos 
Para que não percas o encanto pelas coisas que o 
Desencanto traz.

Digo-te que a chuva contou-me que quando cai,
Ela cai ansiosa por ser amparada por teus braços,
Ansiosa por adormecer sobre o teu peito. 
O vento pediu-me para te entregar as lágrimas que
Os teus olhos hão de chorar quando ele soprar em
Tua face, a poeira na qual o teu corpo terá se 
Transformado com o passar do tempo. 
O tempo pediu-me para não te falar sobre os 
Segredos da vida.

Corra! Se não queres que eu ouça os teus prantos,
Enquanto mergulhado em agonias, corra. 
Corra!
Se não desejas ser guiado por minhas incertezas,
Prefira a tua certeza. 
Se estás seguro de que consegues vencer os teus 
Medos, não chore com medo de um medo que 
Sabes que podes vencer.

No tempo, contar-te-ei que a lua sai a noite
Exclusivamente para te encontrar. 
Far-te-ei saber que o sol que brilha no céu brilha 
Somente para te encantar, e convencer-te-ei de que 
As tempestades que desabam sobre ti não têm a 
Intenção de te assustar, e de que o amor foi criado 
Para te amar.

                                                                     Mauro Lucio

                             *


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Fardo

  Envelheci. O que me foi dado a viver, vivi.  Os meus olhos, agora cansados, vêm, ainda que sem muita nitidez, a hora da minha despedida. V...