terça-feira, 17 de julho de 2012

A seca nordestina



O calor é inclemente, o vento
Adormecido quase não sai do
Lugar, enquanto as folhas
Ressecadas, imóveis, agarram-se
Em suas ramas se recusando a
Entregarem-se a morte.

É tempo de seca! A poeira soprada
Pelo vento faz chorar olhos já
Cansados de chorar de forme. É a
Forme viciada, acostumada a roubar
Vidas, vidas de pobres que outra
Coisa não tem para lhe oferecer.

A chuva não chega e a terrar precisa
Ser irrigada. Lágrimas são vertidas
Sobre um solo ávido de sede. Então
A terra bebe, bebe até a última gota
Do suor que escorre da testa do
Sertanejo que, bravo, insiste em sua
Luta solitária contra inimigos
Poderosos.

Sem chuva, a terra pobre tem fome e,
Ao primeiro gemido de fraqueza ela
Abre a sua boca, e engole mais um
Corpo. É o repouso de mais um
Valente nordestino que insistiu em sua
Luta inglória, contra um inimigo que há
Muito já não deveria existir.

                                            Mauro Lucio


                       *


Nenhum comentário:

Postar um comentário

O “daqui a pouco”.

Não sou tolo para acreditar no que o “daqui um pouco” está a me contar. A farsa disfarça e  esconde a verdade sobre a qual ela não quer fala...