terça-feira, 27 de novembro de 2012

Coisas da vida



Tropeço nos restos que as
Coisas da vida atiram em
Meu caminho e caio.
No chão, alheio aos 
Risos e sorrisos de 
Deboches, percebo a vida,
Desprovida de quaisquer 
Sentimento, fugir de mim.

A vida, como vida, não
É mãe, ela é madrasta.
Para ela pouco importa
Se me mantenho de pé, 
Ou se caio.
Para a vida nada sou senão
Parte das coisas da vida,
Algo tão passageiro 
Quanto ao tempo.
 

Triste, cabisbaixo, olho
Para o chão e este atira
Poeira em meus olhos.
Cego, coberto de pó, os
Meus olhos ardem, os
Meus olhos ardem e
Não percebem o meu
Corpo sendo tragado
Pela terra que o toma
Para o sono eterno.

Não!
Não há choro, não há
Tristezas e o tic e o 
Tiquetaquear do tempo não
Para, nada para, nada
Muda.

Na realidade, nessa ocasião
A tristeza se assustou e,
Assustada, ela fugiu.
A tristeza fugiu para bem 
Longe da tristeza, ela se
Escondeu onde os lamentos
Não podiam encontra-la.
 
A tristeza odeia ouvir 
Lamentos, lamentos que
Desta feita não houve.
Não houve lamentos, eles
Preferiram não comparecer
Ao evento, eles não 
Aceitaram testemunhar as 
Coisas da vida tripudiar 
Sobre o que fui, sobre o 
Que restou de mim.

Os lamentos não queriam
Assistir o chão encobrir o
Meu corpo com o seu corpo
Húmido e frio. Os lamentos
Se recusaram a ver o meu
Corpo, já tão sofrido, ser 
Engolido pela terra para, 
Logo a seguir, ser 
Esquecido no vazio que são
As coisas da vida. 

                 Mauro Lucio
 
         *


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