segunda-feira, 29 de abril de 2013

A ira do silêncio



Se em sua ira o silêncio não me tratasse com
Tanto desprezo,  eu jamais protestaria contra
A sua presença em meu dia a dia. Não!
Não me angustiaria ao ouvir, no meio da
Noite, os gemidos da saudade suplicando-me
Para gritar o teu nome.
Se em sua frigidez o silêncio não desesperasse
Tanto o meu coração, eu sufocaria cada grito
Que escapa do meu peito e evitaria estes de
Acordarem os gritos adormecidos na garganta
Da noite.
Se a tristeza do silêncio não findasse
Abandonada por este em meu coração eu
Não protestaria tanto contra tudo que penso
Parece com a solidão. Se o silêncio não
Adormecesse  em meus lábios, se o calar não
Tornasse seca a minha boca, derramando
Nesta o seu amargo fel, eu não protestaria,
Eu jamais me oporia à escuridão da noite
Onde o silêncio mora.
Se as noites silenciosas não fossem tão longas
E frias, se o inverno sem a tua presença não
Fosse tão parecido com tudo que o silêncio
Diz-me ser, e se os meus lábios não
Insistissem em chamar o teu nome eu não
Protestaria contra a vida, que me encosta na
Parede sempre que penso em chorar as
Minhas tristezas.
Se o silêncio não fosse a minha única
Companhia, quando a angústia toma o meu
Coração, eu não teria tanto medo dos gritos
Que gritam em meio ao meu silêncio e gritaria
Com eles.
Se em sua ira o silêncio não gritasse comigo,
Se ele me deixasse em paz eu jamais
Pronunciaria o teu nome.

                                        Abril 26, 2013.

                                  *

2 comentários:

  1. irá na 3º última linha não leva acento... íra!

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  2. Muito obrigado por tua valiosa contribuição.Como eu mesmo faço as revisões dos meus textos, por mais cuidado que eu tenha, sempre me escapa alguns erros. Mauro

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